quinta-feira, 9 de abril de 2020

PROFESSORA:ALINE CARLA CARVALHO
DISCIPLINA: ELETIVA
SALA/SÉRIE: 8° A/B/C 9° B
1° BIMESTRE
TEMA: AFRICANIDADE
 ATIVIDADE: RESUMO DO PREFÁCIO DO LIVRO: VOZES INSURGENTES DE MULHERES NEGRAS / DO SÉCULO XVIII A PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI



Resumo manuscrito com o mínimo de 30 linhas, caneta azul ou preta,  conclusão, capa e contra-capa do texto abaixo: 


Narrativas de liberdade:
o grito insurgente de mulheres negras
Prefácio
Juliana Gonçalves
Nossos passos vêm de longe…
É insurgente toda aquela que se revolta contra um poder estabelecido. E, quando se trata de mulheres pretas, toda insurgência é um ato revolucionário. Por meio de minucioso e sensível trabalho de pesquisa, Bianca Santana compila neste livro escritos de mulheres negras insurgentes e igualmente inspiradoras.
Em tempos nos quais parece que temos uma revolução não parida, um grito sufocado na garganta, ler palavras de luta e doçura estimula-nos, acalenta-nos. Nesse sentido, “nossos passos vêm de longe” não é um slogan, é a verdade narrada por essas mulheres que sempre lutaram.
Que disseram o que os outros tinham medo de dizer. São vozes potentes, são vozes que foram subalternizadas por séculos. São vozes INSURGENTES.
É a escravizada dialogando com senhores de engenho, como a carta de Esperança Garcia de 1770 que abre este livro. São as subalternizadas assumindo fala. Vozes negras que foram jogadas na “lata do lixo da sociedade brasileira”, mas que neste trabalho, também gestado por mulheres negras, “o lixo vai falar e numa boa”, como afirmou Lélia Gonzalez.
A doméstica, a catadora, a deputada, a ialorixá, a médica, a escritora, a psicóloga, a filósofa... São tantas vivências de mulheres negras aqui registradas que conseguimos traçar um amplo espectro histórico do que significa essa identidade de mulher negra.
Para quem sabe da importância de criarmos cada vez mais registros históricos sobre nós, o livro revela o processo político-pedagógico que conduz a escrita das mulheres negras. São escritos que desafiam a articulação cruel do patriarcado e do racismo, seja se valendo da forma acadêmica imposta, seja no melhor da nossa oralidade, o pretuguês de Lélia, que é retomado fortemente em Nilma Bentes e seu relato vívido sobre a participação das mulheres negras na II Conferência Mundial contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia, realizada em 2001, em Durban.
Mulheres negras que, mesmo tratadas como “coisa”, nunca perderam sua humanidade. E foram e são infinitas as tentativas de nos mostrar o “nosso lugar”, de relegar nossas necessidades, de nos tornar subumanas.
Enquanto registro histórico, a leitura desses escritos é fundamental para dimensionarmos a nossa luta. Não é sem incômodo que percebemos a contemporaneidade de pensamentos e ações por anos combatidos pela luta antirracista.
“O cativeiro moral para nós negros ainda perdura”, alertou-nos Antonieta de Barros em 1934, em um texto que poderia ter sido escrito hoje.
Enquanto feminista negra, empolga-me a ideia de acompanhar a genealogia do pensamento feminista negro no Brasil. E, quando penso o quanto até hoje as feministas negras sofrem ataques que ignoram as construções políticas realizadas ao longo dos anos, reforça-se a percepção de que poucos leem o que escrevem as mulheres negras.

“Enegrecer o feminismo”, de Sueli Carneiro, constituiu- se como um movimento muito além de “pincelar com tintas pretas uma ideologia branca”. Sueli retoma Lélia para lembrar que foi preciso muitos embates dentro do movimenta feminista brasileiro para que ele se distanciasse do viés eurocentrista. Ou seja, foi a ação política de mulheres negras que alterou os “comportamentos e instituições sociais” do feminismo.
Desse modo, mulheres negras valeram-se das “novas ferramentas de luta para superação de quadros de subordinação” trazidas pelo feminismo, como Jurema Werneck pontua, e colocaram “raça” na centralidade do debate sobre hierarquias de gênero ao mesmo tempo que resgataram a nossa história de resistência e luta ancestral que o feminismo eurocêntrico ignorava.
É de uma riqueza infinita ler neste livro, sob diferentes óticas, como as mulheres negras trazem para o debate feminista a indiscutível associação do patriarcado, racismo, colonialismo e capitalismo na reprodução das desigualdades. Ler Sueli em diálogo com Lélia, que já é ancestral, e com Regina Nogueira, importante médica negra viva e atuante no movimento de mulheres negras; ler Jurema citando bell hooks; Luiza Bairros trazendo Patricia Hill Collins, tudo isso tece uma narrativa inspiradora que atravessa a diáspora e o tempo.
Luiza também elabora brilhantemente as articulações do racismo e sexismo sobre os corpos de homens negros. Diferentemente do que afirma o senso comum sobre feminismo negro, as feministas negras foram as primeiras a pensar a masculinidade negra numa perspectiva da reparação e como esse debate é algo fundamental para o nosso povo.
A carga histórica dos textos também é elemento de celebração. Entender os bastidores da luta pelo reconhecimento da dignidade e regulamentação do trabalho doméstico por meio dos depoimentos de Maria de Lurdes Valle Nascimento, de 1949, e por Laudelina de Campos Mello, na década de 1990, ganham uma dimensão alargada quando lemos Lélia articulando os ideários racistas, sexistas e capitalistas que rendem à mulher negra o lugar determinado dentro dos estigmas da “mulata, da doméstica e da mãe preta”.
Os textos pincelam trajetórias individuais de importantes mulheres negras que por anos ficaram fora da historiografia oficial. É simbólico que esse resgate se dê, sem dúvidas, pelas mãos de outras mulheres negras, a exemplo do texto de Cidinha da Silva, que revela uma dimensão pouco falada sobre as mulheres negras no interior dos movimentos Hip Hop e do rap.
Já Matilde Ribeiro traça uma minuciosa exposição cronológica acerca das construções do movimento de mulheres negras em diálogo com a institucionalidade e com o âmbito internacional.
Outro texto que chama a atenção, inclusive pela atualidade do debate, são os escritos de Cida Bento sobre as cotas. Essa política afirmativa com recorte racial que, 14 anos depois de provar sua necessidade e efetividade, tem mais uma vez sua legitimidade questionada em 2019.
Cida rebate os principais argumentos racistas, focados na manutenção dos privilégios da branquitude (seja de direita ou de esquerda) com leveza e ironia.
Dos sambas de Jovelina Pérola Negra e Leci Brandão, sem esquecer os poemas de Elisa Lucinda, Conceição Evaristo e o diário de Carolina de Jesus, o legado histórico, social e psíquico da experiência feminina negra no Brasil vai se revelando nas mais diferentes esferas.
No campo da institucionalidade, o pronunciamento de Benedita da Silva no Senado Federal, em 1995, é brilhante e inspirador. Como deve ter sido potente ouvi-la falando palavras de liberdade com seu vozeirão naquele púlpito tão masculino e embranquecido. Relembrando desde a expulsão dos holandeses, passando por Palmares, pela república, das revoltas populares do Pará ao Rio Grande do Sul, da luta pelo abolicionismo à luta contra a ditadura militar. Os pretos e pretas são linha de frente. Ler suas palavras lembra-nos que fizemos o bolo todo e não vamos nos contentar com apenas uma parte.
Por fim, destaco o trecho em que Lélia fala sobre a dialética entre consciência e memória que me trouxe reflexões profundas a respeito do nosso papel enquanto mulheres negras: lançar luz às nossas memórias, registrando essa história que a consciência, ao expressar o discurso dominante, insiste em soterrar. É esse movimento que este livro faz. Em tempos em que a leitura é um privilégio, seja pela falta de tempo ou por falta de ferramentas para entender os códigos, sonho aqui que este livro será um grande instrumento para as mulheres negras. E, a exemplo das rodas de leitura da tese de doutorado de Sueli Carneiro promovidas neste ano por Bianca Santana, eu mesma, e tantas outras mulheres, espero que possamos com Vozes Insurgentes de Mulheres Negras sentar em roda, ler em voz alta esses inscritos, trocar, para que juntas possamos, cada vez mais, ressignificar o passado e sonhar o futuro.


dados Internacionais de catalogação na publicação (cIp) de acordo com ISBd
V977 Vozes insurgentes de mulheres negras / organizado por Bianca Santana. - Belo horizonte : mazza edições, 2019. 304 p. : il. ; 16cm x 23cm.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7160-720-0
1. Feminismo. 2. representatividade. 3. resistência. I. Santana, Bianca. II. título.

cdd 305.42 2019-841 cdu 396





Um comentário:

  1. Na boa, só vi hoje esse comentário mas pra que comentar isso?! Que porcaria, sério ;-;

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