27/05/2020
– Prof.ª Érica Chichera- Língua Portuguesa – 9º B e C
Atividade 2º Bimestre
1º Atividade
sobre Miniconto.
Finalidade da aula: Identificar minicontos, interpretar e
produzir.
Objeto do conhecimento: Elementos e partes da narrativa.
Habilidades: EF69LP51, EF89LP35
1) Escreva um miniconto, tema livre.
Tem material de apoio no
livro na página 29,30,31 e 35 e dois links do youtube como base
Miniconto: o máximo no mínimo
Entrevista Evandro
Affonso Ferreira | Episódio completo: Microconto: quando menos é mais | Super
Libris
Sugestão de miniconto
FAÇA EM FOLHA A PARTE E
ENVIE POR E MAIL OU WATSAP ATÉ DIA 03/06/2020.
O Miniconto
Miniconto é um tipo de conto muito
pequeno, digamos que com no máximo uma página, ou um parágrafo. Alguns dizem
que ele é o primo mais novo do poema em prosa, outros apontam as fábulas
chinesas como origem, de certo é que desde meados do século XX o conto tem
experimentado – com sucesso- formas extremamente breve a partir de texto de
gente como Cortázar, Borges, Kafka, Arreola, Monterroso e Trevisan.
Nos últimos anos este tipo de ficção
ganhou muito espaço na literatura de diversos países. Nos Estados Unidos,
antologias sucessivas foram lançadas com textos cada vez menores culminando na
chamada microfiction, cuja antologia inaugural reúne textos de até 300 palavras.
A literatura latino-americana, responsável pela difusão inicial do gênero, tem
não apenas apresentado antologias como também estudos acadêmicos acerca do que
eles chamam de “microrelato”. É um hispano-americano, o guatemalteco Augusto
Monterroso, o micro mais famoso: Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.
No Brasil, há uma grande quantidade de
autores publicando livros com ou exclusivamente de minicontos. Alguns valores
importantes para o miniconto são: concisão, narratividade, efeito, abertura e
exatidão.
Concisão
A velha insônia tossiu três da
manhã.
Dalton Trevisan (Ah, É?, 1994)
Dalton Trevisan (Ah, É?, 1994)
Ser breve e ser conciso são coisas
diferentes. O miniconto precisa ser conciso, mais do que breve. Nesse sentido
não deveríamos falar de um limite de número de letras, palavras ou páginas para
o miniconto, e sim num limite conceitual. A história que ele conta precisa
caber exatamente naquele pequeno tamanho, não mais, não menos. Não pode-se
atrofiar uma narrativa, tampouco espichá-la. Por isso nem todos os temas e
enfoques podem ser transformados em miniconto. Na verdade, raros o podem. Uma
tosse às três da manhã pode ser a superfície de um miniconto; a insônia,
não.
Narratividade
Caiu da escada e foi para o andar de cima.
Adrienne Myrtes (Os cem menores..., 2004)
Se a brevidade originada pela concisão
diferencia o mini do conto tradicional, é a narratividade que primeiro
diferencia o miniconto do haicai ou do poema em prosa (que não necessariamente
são narrativos, ainda que possam sê-lo). Ser narrativo significa, por óbvio,
narrar algo, contar a passagem de uma personagem de um estado a outro, implicitamente
(como no mini do Trevisan) ou explicitamente (como neste exemplo da Adrienne).
Sem essa narratividade, corre-se sempre o risco de fazer uma simples descrição
de cena em vez de um miniconto.
Efeito
"TV NO QUARTO" | E os pais na sala, assistindo a um documentário sobre os dramas da adolescência.
Leonardo Brasiliense (Adeus conto de fadas, 2006)
O grande mestre do conto
moderno, Edgar Allan Poe, talvez tenha sido quem primeiro colocou o efeito
pretendido no topo dos objetivos do escritor. Ainda hoje é considerado um bom
conto aquele que consegue provocar algo no leitor, seja medo, compaixão ou
reflexão. Quando temos uma simples descrição, não chega a ocorrer no leitor
este efeito, por menor que seja, enquanto em uma narrativa como a do Leonardo
Brasiliense o leitor não tem como não pensar na sua adolescência ou na sua
atitude com os próprios filhos.
Abertura
Um vida inteira pela frente. O tiro veio por trás.
Abertura
Um vida inteira pela frente. O tiro veio por trás.
Cíntia Moscovich (Os cem menores...,
2004)
Como pode um texto tão pequeno provocar
efeito em quem lê? A resposta está no próprio agente da questão: o leitor. À
Cíntia coube contar a história de uma pessoa que morreu assassinada numa
representação contundente da banalização da vida. Mas se a vítima é um homem,
uma mulher, gorda, magra, nova, velha, se mora na cidade, no campo, noutro
país, se era bandido ou mocinho, amante ou amado, casto ou tarado, nada disso
está dito, cabe ao leitor preencher as lacunas a partir de seus conceitos e
experiências. Muito possivelmente um leitor urbano como nós verá aí uma ironia
com a insegurança que ceifa a vida de tantos jovens. Mas talvez um trabalhador
suburbano veja a covardia de quem mata pelas costas, e não o futuro perdido por
quem morre. Essa abertura é uma das riquezas do conto potencializada no miniconto.
Exatidão
"AVENTURA" | Nasceu.
Luís Dill (Contos de Bolso, 2005)
Tudo bem que a abertura do texto para o
leitor seja aspecto fundamental do miniconto, mas é importante que o autor seja
suficientemente claro para criar o efeito desejado no leitor, e não seu oposto,
sob o risco de não ser compreendido. Para tanto a escolha de cada palavra em
cada posição é fundamental, quase como em um poema, pois disso depende o
sucesso ou não da narrativa. Se Cíntia Moscovich escrevesse “Teria sido um
ótimo escritor, mas o tiro veio por trás” o texto perderia seu recurso estético
causado pela oposição frente/traz, vida/morte, comprometendo até o efeito
semântico. Mesma coisa, e mais ainda, no texto “Aventura”, do Dill. Não sei se
existem outras duas palavras que se casem tão bem para formar uma narrativa
instigante, aberta e ao mesmo tempo repleta de significados como esta. São
apenas duas palavras, quinze caracteres tão bem dispostos que é difícil não
sentirmos seu efeito. E percebermos ali o cerne do conto e da literatura.
Disponível em: http://www.literaturadigital.com.br/minicontos
por onde envio as atividades e as provas?
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