28/04/2020
– Profª Érica Chichera- Língua Portuguesa – 1º B e C
Material
de Apoio / SOMENTE LEITURA/ SE ACHAR NECESSÁRIO IMPRIMI E COLA NO CADERNO
Reconhecer
elementos básicos da narrativa
Os elementos da narrativa são
essenciais numa narração que, por sua vez, é um relato dos acontecimentos e
ações de seus personagens.
Podemos citar como exemplos de
textos narrativos um romance, uma novela, uma fábula, um conto, etc.
A estrutura da narrativa é
dividida em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
Enredo
Tem também o enredo psicológico
focado nos pensamentos dos personagens. A história pode ser narrada de maneira
cronológica, seguindo a ocorrências das ações.
Narrador
O narrador, também chamado
de foco narrativo,
representa a "voz do texto". Dependendo de como atuam na narração,
eles são classificados em três tipos:
Narrador
Personagem
O narrador personagem participa
da história como um personagem da trama. Ele pode ser o personagem principal,
ou mesmo um secundário.
Portanto, se o texto tiver esse
tipo de narrador, a história será narrada em 1ª pessoa do singular (eu) ou do
plural (nós).
Narrador
Observador
O próprio nome já indica que esse
tipo de narrador conhece a história de modo que observa e relata os fatos.
Porém, diferente do narrador
personagem, o narrador observador não
participa da história. Esse tipo de narração é feito na 3ª pessoa do singular
(ele, ela) ou plural (eles, elas).
Narrador
Onisciente
O narrador onisciente é
aquele que conhece toda a história. Diferente do narrador observador, que conta
os fatos por sua ótica, esse sabe tudo sobre os outros personagens, inclusive
seus pensamentos e ideias.
Nesse caso, a história pode
surgir narrada em 1ª pessoa ou 3ª pessoa.
Obs: Importante frisar que a “voz do
texto” não representa a “voz do autor do texto”.
Personagens
Os personagens de uma narrativa
são as pessoas que estão presentes na história. Se forem muito importantes são
chamados de personagens principais ou protagonistas.
Já aqueles que surgem na história
mas não apresentam grande destaque são os personagens secundários, também
chamados de coadjuvantes.
Tempo
Toda narração tem um tempo que
determina o período em que a história se passa.
Ele pode ser cronológico, quando
segue uma ordem dos acontecimentos, ou psicológico, que não segue uma
linearidade dos fatos, sendo um tempo interior que ocorre na mente dos
personagens.
Nesse último caso, ele mistura passado,
presente e futuro seguindo, portanto, o fluxo de pensamentos dos envolvidos na
trama.
Note que as expressões de tempo
utilizadas indicam essa marcação, por exemplo: hoje, no dia seguinte, na semana
passada, naquele ano, etc.
Espaço
O espaço da narrativa é o local
onde ela se desenvolve. Ele pode ser físico ou mesmo psicológico.
No primeiro caso, o local onde se
passa a história é indicado seja uma fazenda, uma cidade, uma praia, etc. São
classificados em espaços fechados (casa, quarto, hospital, etc.) ou abertos
(ruas, vilas, cidades, etc.).
Já o espaço psicológico é o
ambiente interior de um personagem, ou seja, não há um espaço físico que seja
revelado. Portanto, nesse caso, a história é narrada num fluxo de pensamentos,
de sentimentos.
Exemplo
de Narrativa
Para compreender melhor os
diversos elementos que compõem a narrativa, segue abaixo um trecho do romance
de
Clarice
Lispector "A Hora da Estrela".
“Dos verões sufocantes da
abafada rua do Acre ela só sentia o suor, um suor que cheirava mal. Esse suor
me parece de má origem. Não sei se estava tuberculosa, acho que não. No escuro
da noite um homem assobiando e passos pesados, o uivo do vira-lata abandonado.
Enquanto isso – as constelações silenciosas e o espaço que é tempo que nada tem
a ver com ela e conosco. Pois assim se passavam os dias. O cantar de galo na
aurora sanguinolenta dava um sentido fresco à sua vida murcha. Havia de
madrugada uma passarinhada buliçosa na rua do Acre: é que a vida brotava no
chão, alegre por entre pedras.
Rua do Acre para morar, rua do
Lavradio para trabalhar, cais do porto para ir espiar no domingo, um ou outro
prolongado apito de navio cargueiro que não se sabe por que dava aperto no
coração, um ou outro delicioso embora um pouco doloroso cantar de galo. Era do
nunca que vinha o galo. Vinha do infinito até a sua cama, dando-lhe gratidão.
Sono superficial porque estava há quase um ano resfriada. Tinha acesso de tosse
seca de madrugada: abafava-a com o travesseiro ralo. Mas as companheiras do
quarto – Maria da Penha, Maria Aparecida, Maria José e Maria apenas – não se
incomodavam. Estavam cansadas demais pelo trabalho que nem por ser anônimo era
menos árduo. Uma vendia pó-de-arroz Coty, mas que idéia. Elas viravam para o
outro lado e readormeciam. A tosse da outra até que as embalava em sono mais
profundo. O céu é para baixo ou para cima? Pensava a nordestina. Deitada, não
sabia. Às vezes antes de dormir sentia fome e ficava meio alucinada pensando em
coxa de vaca. O remédio então era mastigar papel bem mastigadinho e engolir.”
Nesse pequeno trecho da obra,
podemos identificar parte do enredo, do espaço, do tempo da trama e de alguns
personagens principais e secundários.
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