06/05/2020 – Prof.ª Érica Chichera-
Língua Portuguesa – 1º B e C
Atividades (CONTINUAÇÃO DOS TEXTOS
ANTERIORES)
Título: Análise dos poemas - "Triste Bahia"; "A Jesus Cristo
nosso Senhor"; "Aos afetos, e às lágrimas da dama a quem queria
bem" e "Pica Flor"
Finalidade da aula: Análise de elementos
literários e históricos do autor Gregório de Matos
Objeto do conhecimento: Conhecer
a trajetória literária de Gregório de Matos, familiarizar com a poesia barroca,
compreender a importância do autor na Literatura Brasileira
Prática
de Linguagem:
Leitura
Habilidades
da BNCC:
Reconhecer efeitos e elementos básicos da narrativa literária
PLANO DE AULA ALINHADO À BNCC – educação.org.br
ESTA ATIVIDADE FAÇA EM FOLHA A PARTE
PARA ENTREGAR (quando voltarmos), CASO QUEIRAM ENVIAR POR E MAIL TAMBÉM PODE.
NÃO HÁ NECESSIDADE DE COPIAR OS TEXTOS.
À cidade da Bahia
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,¹
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Oeste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.²
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote! (p.44)
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,¹
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Oeste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.²
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote! (p.44)
1) Trocou-te a máquina mercante
trocou-te: com duplo sentido, de comerciar e modificar; máquina mercante: as
naus que aportam para comerciar.
2) Brichote: designação pejorativa do estrangeiro.
2) Brichote: designação pejorativa do estrangeiro.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;¹
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Da vossa alta clemência me despido;¹
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada ²
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória. (p.313)
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória. (p.313)
1. despido: despeço.
2. cobrada: recuperada.
2. cobrada: recuperada.
Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
Se és fogo como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria. (p.232)
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria. (p.232)
A uma freira, que satirizando a delgada fisionomia do poeta lhe chamou
“Pica-flor”
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor. (p.275)
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor. (p.275)
Tentem interpretar os poemas lidos. Encontre elementos do barroco nos poemas e façam anotações em folha separada. (OS ELEMENTOS VOCÊS DEVEM ENCONTRAR
NO TRABALHO QUE SOLICITEI REFERENTE AO BARROCO, QUE FOI UM DAS PRIMEIRAS
ATIVIDADES POSTADA PELO COORDENADOR LEANDRO NO BLOG).
Segunda ATIVIDADE
Este poema, pode apresentar as marcas
de sensualidade que eram comuns nos poemas de Gregório, e que de certo modo o
fizeram diferente, caracterizando-o como o “Boca do Inferno”.
Leitura do poema - "Contemplando nas cousas do mundo desde o seu
retiro, lhe atira com o seu apage, como quem a nado escapou da tormenta"
SONETO
Neste mundo é mais
rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao
nobre o vil decepa:
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:¹
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:²
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,³
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa. (p. 46)
1) mostra o patife
da nobreza o mapa: exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre.
2. bengala hoje na mão, ontem garlopa: metonímias da condição social, opostas
ironicamente: hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa (ferramenta de
marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice do trabalho braçal).
3. vazo a tripa:
tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do
trapo”, isto e, a fidalguia baiana sem tradição.
Após a leitura respondam às seguintes questões a
respeito do poema: (EM FOLHA SEPARADA)
1) A quem o poeta destina seus versos?
2) Quais elementos indicam às instituições sociais que Gregório critica?
3) No poema, há um efeito provocado pelas antíteses (limpa /carepa;
nobre/vil, etc.)?
4) Qual efeito estético é provocado pelo último verso?
Exercícios (SOMENTE COLOQUE EM FOLHA A PARTE O NÚMERO DA QUESTÃO E A ALTERNATIVA)
1) (Fuvest-SP)
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.”
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.”
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos Guerra, a principal
característica do Barroco é:
A. culto da Natureza
B. a utilização de rimas alternadas
C. a forte presença de antíteses
D. culto do amor cortês
E. uso de aliterações
B. a utilização de rimas alternadas
C. a forte presença de antíteses
D. culto do amor cortês
E. uso de aliterações
2. (PUC-SP)
“Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.”
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.”
Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:
A. caráter de jogo verbal próprio do estilo
barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade
da Bahia.
B. caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI,
sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio.
C. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador.
D. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador.
E. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.
C. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador.
D. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador.
E. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.
3. (VUNESP-SP)
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
O texto pertence a Gregório de Matos e apresenta todas as
características seguintes:
A. trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade
temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem
indireta.
B. sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo que o autor buscava imitar,
predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da
vida.
C. dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.
D. temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta predominando sobre a ordem inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.
E. versificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das sínquises, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.
C. dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.
D. temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta predominando sobre a ordem inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.
E. versificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das sínquises, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.
Qual é a resposta
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