Professor: Dante
Disciplina: História
Tema: RENASCIMENTO
COMERCIAL E URBANO
Leia o texto a
seguir:
Renascimento comercial e urbano
O renascimento comercial e urbano foi
resultado de mudanças significativas que aconteceram na Europa durante a Baixa Idade Média.
Elas resultaram no crescimento das cidades, fazendo com que algumas delas
chegassem a um número significativo de habitantes. Além disso, o crescimento urbano
influenciou e foi influenciado pelo renascimento comercial, que implicou a
ampliação da circulação de mercadorias e a retomada na utilização da moeda, por
exemplo.
A Europa antes do renascimento comercial e urbano
O renascimento comercial e urbano aconteceu na
Baixa Idade Média e foi parte das intensas transformações que a Europa sofreu
nesse período. O crescimento do comércio e das cidades durante a Idade Média só
foi possível porque a disponibilidade de alimento aumentou a ponto de permitir
o aumento populacional.
Essas transformações da Baixa Idade Média retomaram
o fôlego da cidade e do comércio, ambos adormecidos desde a desagregação do Império Romano,
consolidada em 476. O fim do Império Romano do Ocidente ficou marcado por uma
série de conflitos que resultaram no estabelecimento dos povos germânicos.
Esse cenário ficou marcado por guerras que geraram o
enfraquecimento das cidades e do comércio, uma vez que as doenças e a fome,
além dos combates e consequências deles, atingiram principalmente as cidades
romanas. Com isso aconteceu a ruralização da
Europa — o abandono das cidades e estabelecimento das pessoas nas zonas rurais.
Isso porque as zonas rurais tinham os alimentos que
estavam em falta nas cidades, e nelas as pessoas colocavam-se sob proteção de
um patrício/nobre. Com o tempo e a chegada de novos invasores na Europa (vikings e
húngaros), houve um encastelamento desse continente, com a construção de castelos e
fortalezas.
Foi nesse quadro que alguns incrementos técnicos deram início ao maior
desenvolvimento da agricultura medieval. Melhores técnicas de arado, plantio e
descanso do solo garantiram um aumento considerável na produção de alimentos.
Isso permitiu que a população europeia aumentasse e chegasse a cerca de 22 milhões de habitantes por volta do ano 1000.
Renascimento urbano
O renascimento urbano foi resultado direto do
aumento populacional decorrente do aumento da produção de alimentos, e também
da melhoria no clima nos séculos X e XI. O
aumento populacional e a existência de um quadro social de grande opressão,
a servidão, levavam muitos camponeses a fugirem das suas
terras.
O objetivo desses camponeses era livrarem-se das obrigações feudais, e assim as cidades foram os locais
que receberam uma quantidade grande deles. Nelas os camponeses buscavam por
formas de sobrevivência, o que gerou diversidade de ofícios.
Nas cidades houve também diversificação dos grupos sociais, e o centro do poder
migrou dos bispos para os habitantes dos burgos, os burgueses, grupo que enriqueceu por meio do comércio
ou de outros ofícios.
O historiador Jacques Le Goff estabelece que o
desenvolvimento urbano deu origem a um sentimento de pertencimento entre
o local e a pessoa nele estabelecida, o que ele define como “patriotismo
citadino”. As cidades, no entanto, ainda eram dependentes das zonas rurais, uma
vez que os alimentos que garantiam a sobrevivência nela vinham do campo. É
importante considerar que o crescimento urbano não pode ser superestimado, uma
vez que a população citadina durante a Idade Média nunca
ultrapassou 20% de toda a população da Europa Ocidental.
O crescimento das cidades foi impulsionado ao mesmo
tempo que impulsionou o desenvolvimento do comércio. Ele atraiu comerciantes
que se instalavam nos arredores delas e vendiam suas mercadorias. O crescimento
urbano garantiu o desenvolvimento de muitas cidades na Europa, sendo Paris, com 200 mil habitantes,
a maior delas. Outras cidades importantes, por exemplo, foram Florença, Veneza,
Londres e Barcelona.
Renascimento comercial
Além das cidades,
o comércio na Europa fortaleceu-se a partir da Baixa Idade Média e proporcionou
uma série de mudanças, como o estabelecimento de uma nova classe social, a
criação de colônias sob a esfera de influência de cidades italianas e o uso da
moeda. O aumento na produção agrícola foi o ponto de partida que deu força
ao comércio europeu, pois o que sobrava dela passou a ser comercializado.
O primeiro destaque a respeito do comércio é que o
seu crescimento permitiu a sua sedentarização. Isso
porque essa atividade, a princípio, itinerante trazia muitos riscos e custos.
As estradas eram ruins e perigosas, e existiam locais que cobravam impostos
pesados dos comerciantes.
Na medida em que as cidades cresciam, uma demanda
contínua por diferentes mercadorias dava possibilidade para que os comerciantes
se fixassem nos arredores da cidade. Eles vendiam itens de luxo, itens
essenciais para o estilo de vida urbano e também itens básicos para a
sobrevivência, como alimento.
Muitos comerciantes preferiam seguir a vida
itinerante por meio da navegação fluvial, não
obstante, o crescimento do comércio e a localização geográfica de muitas
cidades contribuíram para que muitos outros investissem em rotas marítimas. A
abertura do comércio oriental, por meio das Cruzadas, garantiu acesso a mercadorias de luxo e
intensificou o enriquecimento da classe mercantil das cidades italianas.
O comércio marítimo ficou marcado pelo
desenvolvimento de dois grandes polos comerciais. Ao sul da Europa, na região
mediterrânea, o domínio era dos italianos; ao norte
da Europa, por sua vez, o domínio era da Liga Hanseática, uma aliança de cidades mercantis que surgiu
na Alemanha e estabeleceu rotas que ligavam Londres a Novgorod (na Rússia).
Os
comerciantes italianos e da Liga Hanseática encontravam-se nas feiras de Champagne, que aconteciam em quatro locais
diferentes da França. Cada local abrigava-a por um período determinado, sendo
que Lagny recebia-a em janeiro e fevereiro; Bar-sur-Aube, em março e abril; Provins, em maio e junho, e de setembro a novembro;
e Troyes, em julho e agosto, e em novembro e dezembro. Existiam feiras em outros locais da Europa.
Havia também uma rota comercial que ligava os
centros comerciais italianos a centros comerciais importantes da Liga
Hanseática instalados na Inglaterra e na Bélgica. O comércio europeu também
abriu mercados no Oriente, como a região do Levante, e chegou até à região da
Rus Kievana, nas atuais Ucrânia e Rússia.
O desenvolvimento do comércio encareceu as mercadorias. Esse fenômeno foi registrado
pelos historiadores e acontecia de maneira muito mais agressiva nos períodos de
escassez. O historiador Hilário Franco Júnior analisa que a crise de alimentos
que atingiu a Europa no começo do século XIV, por exemplo, fez com que o preço
do trigo passasse de 5 xelins, em 1313, para 40 xelins, em 1315.
Além disso, o crescimento comercial gerou a demanda
pela cunhagem de moedas, que passaram a ser largamente
usadas a partir do século XIII.
Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/renascimento-comercial-e-urbano.htm#:~:text=N%C3%A3o%20pare%20agora...,a%20Europa%20sofreu%20nesse%20per%C3%ADodo.
Acesso 13/02/2021
Observações do professor:
1. É importante
ressaltar que os dados apresentados no texto podem não corresponder exatamente
à realidade, principalmente os dados demográficos. Acontece que a falta de
fontes seguras sobre a época em questão, faz com que tenhamos apenas
estimativas não necessariamente precisas desses números.
2. O texto não
cita, mas outro fator que contribuiu para o crescimento populacional da Europa
e, consequentemente, para o renascimento urbano e comercial, foi que nesse período
que precedeu esse crescimento populacional, houve relativa paz na Europa.
3. É importante
compreender como se deu esse processo de renascimento urbano e social, para
compreender também como se deu as mudanças no campo das ciências e das artes. Esteja
sempre atento às relações de poder e como elas se modificam (ou não) ao longo
da História.
Questões:
1. Leia o
trecho a seguir e responda à questão:
Ao norte, […], uma ampla
confederação comercial, que rapidamente adquire também força política, domina
as trocas num amplo raio de ação […]. No final do século XIII ela estende sua
influência desde Flandres e Inglaterra até o norte da Rússia.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petrópolis:
Vozes, 2016, p. 69.
O trecho acima fez menção a uma
associação comercial que surgiu na Europa com o renascimento do comércio. O
trecho faz referência:
a) às cidades italianas.
b) às feiras que surgiram na região
de Champagne.
c) aos comerciantes de Rus.
d) à Liga Hanseática.
e) aos banqueiros flamengos.
2. A
respeito do Renascimento urbano e comercial na Europa durante a Baixa Idade
Média, selecione a alternativa INCORRETA.
a) Os historiadores falam que
muitas pessoas se mudavam para as cidades para fugir das obrigações feudais.
b) Já na Baixa Idade Média, a
população urbana ultrapassou a população rural.
c) O comércio na Europa medieval
ganhou um grande impulso por meio das rotas marítimas.
d) Um fenômeno que foi percebido
com o Renascimento comercial foi o encarecimento das mercadorias.
e) Com o crescimento urbano e
comercial, o poder das cidades foi progressivamente se transferindo de bispos
para os burgueses, os habitantes dos burgos.
3. (FMTM) O crescimento do comércio
e das cidades na Baixa Idade Média:
a.
consolidou as estruturas feudais, como a economia de subsistência e a
suserania.
b.
expandiu as atividades agrícolas, com o declínio do uso de moedas nas
trocas.
c.
fez surgir um novo grupo social, ligado às atividades artesanais e
mercantis.
d.
permitiu o desenvolvimento do trabalho livre, isento de quaisquer
restrições.
e.
criou uma infraestrutura tão adequada, que provocou intenso êxodo rural.
4. Discorra
sobre o surgimento da burguesia.
Peço, por
gentileza, que me devolvam as atividades pelo seguinte e-mail:
profdante4@gmail.com
Pra qual série e essa atividade?
ResponderExcluir2ºs anos.
Excluir